domingo, 28 de fevereiro de 2010

Crise de abstinência

É triste libertar-se do vício.
Em alguns causa tremedeira
em outros, crise de loucura.
O objeto do vício sempre é algo bom para o usuário - bom até demais.
Enquanto o vício do drogado é a erva (ou a química...)
o do apaixonado é o amor.
Não somente pela pessoa amanda
Mas também pelo sentimento em si.
Este cala a vontade mundana de enxergar apenas os tons de cinza.
Se há amor, há algo para lutar, sofrer, conquistar e até chorar - de tristeza ou felicidade.
Se o viciado em drogas rouba até a própria família para satisfazer-se;
Quão baixo o apaixonado deve ser para afirmar o seu vício?

Nino

Nietzsche não era assim tão frio


Ontem, antes de dormir, eu estava lendo um pouco do livro do Nietzsche…
Acho que ele não é assim tão sem sentimentos quanto parece. Veja:

“No tocante a mulher, por exemplo, o homem mais modesto acha que dispor e desfrutar sexualmente do corpo já é indício bastante e satisfatório de que a tem e a possui; um outro, com uma mais exigente e desconfiada sede de posse, vê o ‘ponto de interrogação’, o que há de tão-só aparente nesse possuir, e quer provas mais sutis, sobretudo para saber se a mulher não só se entrega a ele, mas também renuncia, por ele, ao que tem ou gostaria de ter – apenas assim ele a tem por ‘possuída’. Um terceiro, porém, não se detém aí com sua desconfiança e vontade de possuir, ele se pergunta se a mulher, ao renunciar a tudo por ele, não o faz talvez por um fantasma dele: deseja antes ser conhecido a fundo, em suas profundezas, para poder ser amado; ele ousa deixar-se penetrar. Só então sente ele a amada em seu poder, quando ela não mais se engana acerca dele, quando ela o ama por sua diabrura e insaciabilidade oculta, tanto quanto por sua bondade, paciência e espiritualidade”.

Trecho do livro “Além do bem e do mal”…
Nino

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Mais nada a oferecer

Nino exauriu seus dotes. Deu todos a Celeste.
Começou pelos sonhos, compartilhados ao longo dos anos de relacionamento.
Alguns nas noites frias, outros ao reflexo da luz da lua - em noites quentes de verão.
Celestre retribuiu. Levou Nino a lugares por ele desconhecidos.
Juras de amor e promessas de futuro foram aos poucos acontecendo.
O relacionamento foi moldado ao estilo "até que a morte os separe".
Ambos ignoraram o já desgastado ditado "a valsa pode não parecer tão atraente para um dos dois dançar... alguém pode querer parar primeiro..."
Mas um dia aconteceu.
Celeste pisou no pé de Nino - e doeu.
Nino tentou ditar o novo ritmo da dança. Porém, não havia mais promessas a sussurar ao pé do ouvido de Celeste.
Os sonhos ainda são os mesmos, assim como as possibilidades de concretiza-los.
Talvez Celeste esperasse mais - ou até merecesse mais.
O caráter não é tão atrativo a longo prazo. Ou, talvez, os sonhos de Celeste já não são os mesmos.

Nino

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Dia para não chover

"Em certos casos, raros e isolados, pode ser que intervenha uma tal vontade de verdade, algum ânimo excessivo e aventureiro, uma ambição metafísica de manter um posto perdido, que afinal preferirá sempre um punhado de 'certeza' a toda uma carroça de belas possibilidades; talvez haja inclusive fanáticos puritanos da consciência, que prefiram um nada seguro a um algo incerto para deitar e morrer. Mas isto é niilismo e sinal de uma alma em desespero, mortalmente casada, por mais que pareçam valentes os gestos de tal virtude."
(Trecho do livro "Além do bem e do mal", de Nietzsche)


Parei e pensei. Refleti ao sol escaldante do meio dia. Qual é o limite da alma? Até onde vai o desespero? Serei eu um niilista? Serei um fanático puritano da consciência?
Mantenho minhas convicções, ainda que um dia poderei pagar caro por elas.

Nino

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Véspera de aniversário

Todo mundo sabe como é véspera de aniversário.
É o dia chave da ansiedade.

Se tem festa, checa-se todos os preparativos - mais de uma vez, para ter certeza.
Nos perguntamos se os convidados gostarão do banquete. Se se sentirão a vontade ou até se irão por obrigação. Sairão logo após o canto de parabéns? Terão a ousadia de pedir para antecipar a canção?


Se não tem, fica-se imagindo quem ligará para desejar felicidades.
Os mais otimistas olharão para o céu. Talvez as nuvens deem uma ideia dos discursos.
Já os pessimistas se irritarão com a repetitividade dos "obrigado" que terão de falar.

Aniversário é comemoração cícilica. Ano que vem tem de novo.
Mas se uma pessoa querida faltar neste ano...

Isso que hoje ainda é véspera.
E na véspera, só nos resta sonhar.

Que tal a instituição do pré-aniversário para diminuir a ansiedade?

Nino

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Era uma casa... não tão engraçada

De início, era amarela a casa de Nino.
Nino não gostava. No fim da tarde o amarelo parecia engolir todos seus sentimentos alegres.
O branco cobriu de paz as paredes. Há uma nova aura no lugar.
Há uma parede laranja e outra verde. Essas são para renovar a alegria; a primeira na sala e a segunda no quarto.
Ainda faltam os quadros nas paredes.

Os porta-retratos serão o espelho da saudade que no peito reside.
Serão várias as fotos de Celeste.
Por maior que seja a quantidade de adereços que remetem à Celeste, nada subsituirá sua presença.
E no fim da tarde... Saudades da vida no Castelo.

Nino

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Post Nerd

Nino estudava estatística.
Há uma série de formalizações, teoremas, números e letras.
Em suma, pode-se dizer que há mirabolâncias para calcular probabilidades.

Probabilidade que nunca foi calculada é a de se apaixonar profundamente.
Primeiro porque não há amostra significante. Segundo devido ao problema da assimetria de informações.
Alguns preferem esconder os sentimentos.
Outros estão a passar momentos difíceis no momento da pesquisa...

Saindo da estatística e chegando na Matemática o negócio piora.
Não há padrão matemático para o comportamento humano.
Não há fórmula para o amor.

Quanto a Nino e Celeste, não há nenhuma ciência que ouse explicar tal relação.
E "ai" de qual se atrever!

Nino