terça-feira, 26 de janeiro de 2010

De todos estes, a solidão



Até dias atrás minha pouca vivência me dizia que a pior sensação que se pode ter é a indiferença.
Ter a existência ignorada é quase como não ter vida.
Entretanto, não conhecia outro sentimento: a solidão.
Este é conversar com os ecos da minha voz na sala vazia.
É o amarelo pálido da parede.
Por vezes é a ausência de críticas à comida feita.
É a falta da mãe pedir para arrumar a cama.
Enfim, estar só é como ter pouco.
Aliás, é como não ter nada além da vida.
E se a vida vale muito.
Viver a soldião é como ser ignorado.
Depois percebe-se que a vida com todos estes (sentimentos) não passa de um trocado.

Nino

sábado, 23 de janeiro de 2010

Chega de Saudade

Acesse o video aqui

Chega de Saudade
Tom Jobim
Composição: Tom Jobim e Vinícius

Vai minha tristeza,
e diz a ela que sem ela não pode ser,
diz-lhe, numa prece
Que ela regresse, porque eu não posso Mais sofrer.
Chega, de saudade
a realidade, É que sem ela não há paz,
não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei
Na sua boca,
dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos, e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim.
Não quero mais esse negócio de você longe de mim...


Nino

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Somewhere...


"I walked across an empty land
I knew the pathway like the back of my hand
I felt the earth beneath my own feet
Sat by the river and it made me complete


Oh simple thing where have you gone
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin


I came across a fallen tree
I felt the branches of it looking at me
Is this the place we used to love?
Is this the place that I've been dreaming of?


Oh simple thing where have you gone
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin


So and if you have a minute why don't we go
Talk about it somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?"


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Por mil vezes esperar

Esperar é a flagelação dos sádicos.
Espera-se por quase tudo na vida.
A criança espera crescer mais alguns centímetros para alcançar o pote de doces.
O corredor espera os segundos angustiantes antes da largada e os intermináveis na reta de chegada.
A lagarta espera o dia que se tornará borboleta e voará sobre os campos floridos.
O pai prestativo espera o filho a porta do colégio.
A lua espera o sol esconder-se para enfeitar os céus.
O Pierrot espera o Arlequim descuidar-se de seu coração.

O último segundo da espera é o mais relevante.
É nele que se deposita o receio.
O apaixonado que espera o olhar da amada por vezes hesita em declarar seu amor.
A cozinheira por vezes pouco doura as batatas no receio de queimá-las.
O nadador perde segundos preciosos quando hesita em queimar a largada.
E assim hesitar ganha espaço entre os sádicos.
Que ganham uma nova chance de esperar a ânsia tortuosa do último segundo.

Nino

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Ah, se ela soubesse!

Celeste parece não conhecer Nino as vezes. Mesmo após anos de convivência. Desconfia das ações mais básicas. Para tudo deve haver uma explicação.

Não percebe que Nino está sempre olhando as estrelas, brincando de ligar os pontos.
De estrela em estrela, na horizontal, há sempre uma serpente. Os astrônomos não possuem tanta criatividade - pelo menos eu nunca ouvi falar de uma constelação "Jibóia".

Olhas as estrelas é o clichê dos apaixonados. Até música sertaneja ruim já fez tal comparação.
Mas Nino não se importa. Álvaro Campos já disse que cartas de amor têm de ser ridículas (ver aqui).

E o que fazer quando a presença deixa saudade?
Olhar as estrelas... Ligar os pontos...



Nino

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

La dolce vita...

Celeste andava pelas ruas de Roma. Achava tudo muito belo. Notava objetos e costumes familiares, vitrines pomposas, povo gentil. Gentil até demais para uma singela cobra brasileira.
Mas ainda faltava algo para alcançar a plena felicidade, para que pudesse sentir o cheiro gostoso de alegria que pairava pelo ar daquele local. Percebia que o espirito jovem de desbravar continentes poderia ser muito mais emocionante. Seu "corazone" pedia abrigo e jah nao aguentava mais de tanta saudade.

Felini retratara a busca do amor e da felicidade naquele mesmo local, há 50 anos, no filme "La Dolce Vita".  A incessável busca humana. Inalcançável? Nao para uma cobra como Celeste e um rapaz como Nino.

Ti amo e ti voglio bene, mi amore!

Não deixe Puck brincar com a gente, Celeste

Celeste

Puck está próximo. Sim, Puck, personagem de Shakespeare em Sonho de uma noite de verão (resumo da peça aqui).
Algumas acontecimentos ocorrem somente à presença dele. Não há outra explicação.
Nossos doces amores, como uvas verdes, as vezes amargam a semente em uma mordida.
Não é motivo para pânico, Celeste. Não se soubermos esquivar da brincadeira infame.
Somos fortes e ágeis e até um enviado divino sucumbirá.
Padecerá sobre um manto branco, sintonia perfeita de nossos anseios.
Puck não será nada perante nosso amor!

"O Luar e o leão ficarão para enterrar os mortos" (trecho da peça, peça completa aqui)

Nino

sábado, 9 de janeiro de 2010

Contemplando o lago - Fernando Pessoa



 Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.

O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.

Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?

(Fernando Pessoa)


A saudade aumenta com o passar dos dias. Minha criatividade já não suporta a ausência; e falha.
Não que eu, Nino, seja um poeta. Se as palavras as vezes faltam a estes, o que dirá da minha limitada capacidade?

Nino

sábado, 2 de janeiro de 2010

A despedida

"Toda despedida é dor... tão doce todavia, que eu te diria boa noite até que amanhecesse o dia." (Shakespeare)

Não Celeste, não vá!
Sabes que aqui reside um coração que a ti pertence.
Por vários manuscritos descrevi as justificativas por este ato insano de amor.
Rebaixo-me a teus pés ao implorar sua estada.

Terei de aceitar a árvore do castelo ôca e sem vida.
Monocromática - carrega a nostalgia da lembrança, seja nos filmes antigos, seja nas fotos.

Resta-me apenas aguardar a alvorada.

Somente Shakespare para descrever tal sentimento.
... e somente eu para senti-lo.

Nino